sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Tô cego juizão!!!!



Essa história vem lá da Portuguesinha da Vila Mariana, zona sul de São Paulo. No início da década de 80 existia no campo da Portuguesinha um centroavante chamado José Carlos, vulgo “Zé Carlinhos”.

Os mais antigos diziam que ele espetacular, exímio matador, batia como ninguém na bola, tanto de direita, quanto de canhota. Pelo auto, não tinha pra ninguém, nem Dadá Maravilha poderia fazer melhor, segundo eles, é claro. Pra quem não se lembra, o ex-jogador, tricampeão da Copa de 70, no México, imortalizou a famosa frase: “Só três coisas param no ar, o helicóptero, o beija-flor e Dada”, hilário...

Zé Carlinhos defendeu as cores de dois tradicionais clubes da Várzea, o Moleque Travesso da Vila Guarani (também na zona sul) e a Portuguesinha. Mostrava-se habilidoso e, na maioria das vezes, sagrava-se artilheiro dos campeonatos que disputava.
Conhecia os atalhos dos campos como ninguém, fazia miséria com os zagueirões da época. Todos tentavam, sem sucesso, parar o camisa 9, no entanto, era quase impossível parar o ágil negro de pernas finas. Uma vez conseguiram-lhe parar, e dessa vez foi pra sempre. Uma pancada no joelho que acabara com o sonho de se tornar profissional. Muitos dizem que se não fosse essa contusão, com certeza o jogador iria triunfar pelos campos a fora.

Tinha várias artimanhas para amarrar ou acabar com os jogos. Quando seu time perdia, os meias o procuravam incessantemente na esperança que decidisse a partida. Quando estavam ganhando, aí era festa. Levava a bola para a lateral do campo e pronto, lençol, carretilha, rolinho, drible da vaca, elástico e por aí vai. A torcida ia à loucura.

Porém, há um artifício usado pelo ex-jogador de várzea que entrou para história. É hilário. Isso mostrava toda a sua irreverência dentro de campo. Aqueles que jogam várzea sabem que durante um jogo vale tudo ou quase tudo. Nos momentos dos escanteios, Zé Carlinhos usando da sua malandragem adquirida nos campos de terra batida, abaixava-se e segurava um pouco de terra em suas mãos. Quando o jogador batia na bola, o centroavante dava uma “olhada marota” pro juiz e outra pro zagueiro e atirava-lhe terra na cara, era o tempo para subir sozinho e marcar o gol de cabeça. Em fração de segundos corria para o abraço. Só dava tempo de escutar: Juiz, tô cego! Joga bola meu filho, não vi nada.

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