quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Gladiador na área!

Salve rapaziada do terrão!

Hoje é dia da coluna “Quem Conta um Conto...”

Polêmico dentro e fora de campo, o atacante Kleber (Cruzeiro), vulgo Gladiador, herdou o jeito viril, a raça e a malandragem de jogar bola nos campos de terra em Osasco - SP. Odiado por uns e amados por outros, assim é Kleber Gladiador, um atleta que não tem medo de cara feia e costuma dar opiniões contundentes. Mesmo não sendo um jogador de técnica refinada, uma coisa é certa: ele sua a camisa das equipes que defende. Talvez seja por isso que as torcidas do Palmeiras e Cruzeiro o idolatram tanto. Acompanhe mais esse bate-papo com o boleiro cruzeirense:
Contos - Onde e em qual período você jogou na várzea paulistana?

Kleber – Eu joguei em Osasco (um dos 39 municípios da Grande São Paulo), numa escolinha de futebol chamada SENO, cerca de 10 anos da minha vida. Foi bacana, uma experiência bem legal.

Contos - Atualmente, alguns campos da várzea estão ganhando grama sintética, como você analisa essa mudança?
Kleber – Acho legal. Lógico que tira um pouco o charme dos campos de terra, mas fica mais bonito. Anima e incentiva um pouco o pessoal que joga, pois alguns atletas reclamam pelo fato de ser terrão. Reclamam de dores no joelho e que alguns campos são meio duros. Mas é bacana sim.
Contos - Você acha que isso pode prejudicar, roubando a imagem da várzea, ou só tem a melhorar?
Kleber – Como eu disse anteriormente, o charme será perdido. No entanto, é uma nova tendência e, talvez, chame a atenção das pessoas à prática do esporte.

Foto arquivo SENO

Kleber recebendo trofeu de artilheiro no Chile, em 1994

Contos - O que você mais recorda de jogar na várzea?

Kleber - Ficava sem comer por várias horas ou comia um pastel antes de ir pro jogo. Não tinha esse negócio de alimentação. Não respeitávamos muito o treinador. Cada um por si. Rolava muita briga nos jogos da várzea, que é normal. A experiência é muito bacana, eu me divertia bastante.

Contos - Quais as coisas que você absorveu da várzea e que te ajudaram quando chegou ao futebol profissional?

Kleber – Acho que a gente fica mais malandro jogando na várzea. Aprende a se proteger, a entrar forte numa dividida, porque o pessoal está ali por prazer e acaba chegando mais duro. Essa foi a experiência que eu trouxe para o profissiona.
Foto arquivo SENO

Dois craques em destaque no campo do SENO: Kleber e Cristiane, atacante do Santos e seleção brasileira

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Várzea: a bola rolada na beira do coração

Expectativa antes de a bola rolar no telão - por Diego Viñas

Salve rapaziada!
Assisti ao filme Várzea: a bola rolada na beira do coração, nesta segunda-feira, no Cine Olido. De fato, o pessoal conseguiu reunir uma boa galera na galeria. Umas 300 pessoas. Talvez menos, não sei. Como preparei uma matéria sobre esse dia - que vão ver abaixo - e bati umas chapas, dedico esse trecho à minha crítica ao filme. Vale lembrar que aqui não é nenhum cineasta não. Sou apenas um repórter varzeano, certo?!?!
Emoção: parto dessa palavra para contar que senti durante a exibição. Sentei ao lado de uma senhora tão entretida, que praticamente se sentia parte das filmagens -que na verdade todos nós fizemos.
Não me pareceu que o Akins e sua equipe produziram algo comercial. O pessoal da Chama Sabor mais uma vez fez um brilhante trabalho na edição. Mesmo assim, o filme foi mesmo feito por um poeta, um cidadão que tem a linguagem da periferia na veia. Impossível o melhor cineasta chegar perto do discurso de quem vive o negócio, manja?
Por isso e outros motivos, o filme foi tão bem entendido por nós, da várzea. Juro que não sei como os estudiosos e estatísticos do futebol profissional entenderiam da história. Sim, uma história que não tem começo, meio e fim porque não é manjada como um clássico de Hollywood.
A várzea não é manjada. Um jogo no terrão, por exemplo... começa muito antes do apito inicial e termina bem depois do juiz levantar o braço e encerrar a partida.
Pra mim, varzeano de coração, um clássico do cinema do terrão!
Do terrão! É nóis!
Fotos: Diego Viñas
Mais fotos no perfil Contos da Várzea do orkut

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O bicho pegou e ele não aguentou!

Salve rapaziada do terrão!

Antes de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que a intenção deste conto não é manchar a imagem de nenhum atleta/ex-atleta. Mas, como a função de todo jornalista é retratar a verdade, por mais cruel que seja, eis mais um conto para vocês. E esta história foi contada para mim e meu amigo jornalista, Evandro Barbosa.

O caso aconteceu na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. O jogo era, até então, o mais importante da história do Esporte Clube Vida Loka: final da Copa Kaiser de 2008.
Para a partida, a comissão técnica teria à disposição todo elenco, os melhores jogadores, aqueles que suaram a camisa durante o torneio para chegar a esse momento tão especial. O regulamento ajudava, abria (abre) exceções para os finalistas inscreverem alguns jogadores para o jogo decisivo.

Foi aí que alguém, não se sabe quem ao certo, teve a idéia de convidar um ex-atleta, atacante com passagens pela Ponte Preta (Campinas) e Corinthians, para defender as cores do Vida Loka. Reforço de peso para um momento ímpar. Pelo menos era o que se esperava.

O campo do Nacional, que fica na rua Comendador Souza, em frente ao CT do São Paulo e Palmeiras, estava lotado, para variar.
A bola rola. As atenções e esperanças de gols estavam concentradas no matador, cujo apelido é um misto do nome próprio e uma raça de cachorro das mais ferozes que existem. A verdade é que ninguém esperava que o goleador fosse a salvação da pátria, mas, para quem já enfrentou o Pacaembu lotado, o campo do Nacional seria “uma teta” – gíria entre os boleiros.

Pois é, mas o enredo não foi bem assim. O craque sentiu a pressão que a várzea exerce sobre seus adeptos. E ele sucumbiu. Quem estava presente não acreditava no que estava vendo. Ele errou um pênalti e perdeu um gol na cara.

O pessoal do Vida Loka ficou muito louco com a situação que acabara de acontecer, pois a performance do ex-jogador colaborou para perda do título. Como acontece em toda equipe, ele não foi principal responsável pela perda do título, mas, talvez, fosse o mais famoso em campo naquele dia. Aí já viu.

Resultado: ele saiu de campo cabisbaixo e frustrado. Assim como ocorre nas grandes equipes, a torcida da Brasilândia não perdoou, soltou o verbo sem dó.
Dizem que, depois desse jogo, o atacante nunca mais deu as caras por lá. E ainda foi homenageado numa foto estampada na sede do Vida Loka. Veja abaixo:


Foto estampada na parede da sede do Vida Loka: o atacante ganhou um 'X" para esconder seu rosto


É amigo, a várzea também apronta das suas. Não é mole não!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Filme de Várzea na Olido

Salve amantes do terrão!

Pra quem curte um filme de futebol, acredite, agora temos um de várzea. E a galera do Contos da Várzea vai tá lá representando na Galeria Olido, segunda agora, a partir das 19h para assistir ao filme do nosso parceiro Akins.

Grande obra. Estou ansioso para ver e estão todos convidados!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Salve, rapaziada do terrão!

Tenho novidades! Hoje entra no ar a coluna "Quem conta um conto..."

Colocarei no ar as entrevistas colhidas por mim (Rafael Dantas) e meu amigo jornalista Carlos Petrocilo, especialmente para a matéria "O Terrão Sai de Campo", veiculada na edição de dezembro do ano passado, na revista Roxos e Doentes.

Quem inaugura o primeiro bate-papo é o volante Elias, do Timão. Muitos varzeanos devem conhecê-lo antes mesmo de brilhar com a camisa 07 do time mais popular de São Paulo. Já para os mais desavisados, o corintiano cansou de suar a camisa nos campos de terra da nossa querida várzea.


Carterinha do jogador na época em que era um dos atletas inscritos na Copa Kaiser

Acompanhe este papo descontraído com Elias:

Contos - Onde e em qual período você jogou na várzea paulistana?

Elias - Joguei praticamente a vida toda. Primeiro antes de ser profissional e, depois, num tempo em que parei de jogar profissionalmente, quando as coisas não andaram muito bem na minha carreira.

Contos - Atualmente, alguns campos da várzea estão ganhando grama sintética, como você analisa essa mudança?

Elias - Eu não gosto muito. Claro que o campo fica melhor, com menos burraco, mas perde muito daquilo que te faz aprender na várzea, que são as dificuldades do campo. E também o jogo no sintético fica muito rápido,a bola pinga demais.

Contos - Você acha que isso pode prejudicar, roubando a imagem da várzea, ou só tem a melhorar?
Elias - Não acho que vá mudar a imagem, mas acho que perde um pouco da mistíca.



Raça no terrão: Elias disputando a bola pela equipe do Leões da Geolândia (o time foi vice-campeão da Kaiser em 2006)

Contos - O que você mais recorda de jogar na várzea?

Elias - A parceria, as amizades que se faz. Apesar das dúvidas, era um tempo muito gostoso.

Contos - Como era a época em que você jogava na várzea? Os jogos eram muito duros?

Elias - Pô, sempre. Tem muito cara fera jogando lá. O jogo é sempre dificil, tem aquela pegada forte, os caras chegam mesmo.

Contos - Quais as coisas que você absorveu da várzea e que te ajudaram quando chegou ao futebol profissional?

Elias - Muito do domínio de bola vem desse tempo. Porque a bola vem mais viva, e você precisa dominar bem para ficar com ela. Além disso, você também vê o amor que os caras tem pelo futebol. Jogam por prazer mesmo e fazem daquilo a vida deles.