domingo, 13 de julho de 2008

O dia em que a zaga parou: se um olho o faz pecar...então que peque.

Os ânimos estão exaltados nos dois lados do campo. Nosso time ansioso pois era o primeiro jogo grande nosso. Grande mesmo. O campo era enorme. Se fosse exagerado diria que eu poderia correr a tarde inteira e mesmo assim não chegaria ao outro gol. Como não sou, acredito que chegaria sim, a muito custo, ao meio de campo. Olhei, confesso, desanimado para o outro time. Todos, sem exceção tinham mais de 1 e 80 de altura. E nós lá. Olhando a vida de baixo. Aliás, eu tinha uma leve impressão de que esta não era a última vez que iríamos olhar a vida de baixo, já que aquilo tudo parecia mais um “assassinato colletivo”, e não uma partida de futebol. A Cris estava tranqüila. Serenamente tranqüila. E nós lá, com aquelas caras de bobo, pensando: pô, a gente é que está acostumado com partidas difíceis e perigosas está tremendo e ela aí: tranquilona. Se fosse comparar a Cris, diria que ela era o Dunga da Copa de 94. A única diferença é que, ao contrário de 94, ela era a única mulher no campo de jogo.- Aquece! Aquece! A partida vai começar, meninos... e menina. Quem grita é o nosso treinador. Gostávamos muito dele, sabe. Talvez por causa de suas concepções técnicas e táticas mirabolantes. Que ficavam ainda mais mirabolantes quando bebia. Ou seja, ele era mirabolante o tempo todo. Os meninos do outro time não paravam de olhar a Cris. Quando digo isso, imaginem uma Avenida Paulista em horário de pico (atentem-se para a pronúncia correta da palavra, hem), com um monte de capas da Playboy fazendo o lançamento oficial da revista lá. Então, eram esses mesmos olhos curiosos que desfilavam no campo. Cris era, de fato, o centro das atenções (para você que chegou agora, a Cris é uma loira de olhos verdes muito bonita, e estava jogando com a gente no time). Até o outro técnico olhava pra ela. Às vezes me perdia em meus pensamentos e acabava caindo no olhar deles. E adivinhem pra onde olhavam? Adivinhe? O calção, que era apertado até para mim, parecia brigar com o corpo dela. E os meninos gostavam desta briga. Ah, se gostavam! O juiz chega. O jogo está prestes a começar. Olhada para um lado. Olhada para o outro. Uma breve parada na Cris, a 10 do nosso time, e o juiz coloca o apito na boca. Vai, juiz! Começa isso aí!

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