Caro Freguês...
Parece que foi ontem...
No berço do subúrbio carioca nasceu um fenômeno de nome Ronaldo. Talento assombroso, o garoto foi dos campinhos de Bento Ribeiro para o Cruzeiro de Minas Gerais. Arrancadas mortais, dribles humilhantes, controle infalível de bola. Gol a gol, uma estrela se desenhava no olimpo dos Deuses eternos do futebol. Jogo a jogo um menino careca de dentes separados arrastava multidões para o Mineirão nas tardes de domingo.
O Brasil ganhou um novo rei da bola, um xodó, um craque para chamar de seu. Mas os tempos são outros e o capital europeu o levou de nossos gramados por 14 anos. Com a triste partida, faleceram todas as esperanças de reviver os tempos românticos desse esporte bretão. Mas aqui, nessa terra tupiniquim, jamais o esquecemos, pelo contrário, acompanhamos cada passo numa prova de amor incondicional. Tão incondicional que beira o ódio. É verdade!
Numa simbiose maluca, uma mescla de sentimentos, colocamos sobre as suas costas o peso da derrota de 98. Pusemos sob judice o seu reconhecimento mundial. Falamos mal de seus carrões, de suas mulheres e de seus cortes estranhos de cabelo. Agimos como pais autoritários e repressores. Tomamos a sua vida para nós. Fizemos piada com a sua aparência, com seu estilo de vida, com a sua barriga de chope e com os seus mais conhecidos escândalos.
Nesses momentos, esquecemos que esse menino chamado Ronaldo (como tantos outros por aqui), é um orgulho para o Brasil, um exemplo para o mundo. Mas a nossa ignorância de torcedor insiste em ofuscar a glória do maior artilheiro da história das Copas. Com isso, por vez e outra, apagamos de nossa memória a imagem de um homem, que com o joelho a meia bomba, trouxe de volta a taça que o culpamos de perder quatro anos antes.
Mas, como um dia disse Shakespeare: Na batalha do ódio com o amor a vítima é cúmplice do criminoso. Quer saber a verdade? No fundo sempre o amamos. No fundo ele também se sente amado. Escolheu o Brasil para mostra os últimos lampejos de sua genialidade e os últimos suspiros de sua carreira como astro de futebol. Eu vou torcer como sempre! Amando ou odiando, sem meio termo... Como os verdadeiros notáveis merecem!
Força Fenômeno!
http://br.youtube.com/watch?v=uGx8ua_qScw&feature=related
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