sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Galeria Ilustre Varzeano – O melhor lateral

Criado nos terrões da várzea paulistana, em meados da década de 40, Djalma Santos, o melhor lateral direito de todos os tempos, completa hoje 80 anos de vida. O garoto Santos, como era conhecido, sonhava ser piloto de avião. Já seu pai, antigo soldado da Força Pública paulista, preferia que o humilde garoto enveredasse, assim como ele, para os meandros da carreira militar.
Contudo, a bola falou mais alto. Foi num domingo ensolarado, num campo desdentado da Parada Inglesa, que o Senhor Santos viu, pela primeira vez, Djalma hipnotizar a bola pela faixa lateral de campo. Depois de alguns toques do talentoso primogênito, o velho se rendeu: “Djalma nasceu para ser jogador de futebol”.
Na época, o garoto fez testes no Ypiranga e no Corinthians, mas os horários dos treinos eram incompatíveis com o de seu trabalho como sapateiro. Acabou ficando mesmo na romântica Portuguesa do Canindé, ainda assim, porque o seu patrão concordou que ele trabalhasse à noite, para compensar as horas perdidas no clube.
Depois de uma década gloriosa na Portuguesa, foi para o poderoso Palmeiras, onde também fez história. Na seleção, na copa de 1958, disputada na Suécia, atuou somente uma partida, justamente a final contra os donos da casa. Foi o suficiente para se tornar o melhor lateral-direito do mundial. Mas não foi somente isso, as atuações do mestre com a camisa verde amarela fizeram com que seu nome figurasse, até os dias de hoje, entre os melhores jogadores de todos os tempos.

Humildade
Várias vezes, Djalma Santos – o ala que anulou o sueco Skolund, o melhor ponta dessa Copa do Mundo – foi vítima de racismo. Certa vez, em um estádio paulista, alguém o xingou de crioulo sujo. E, quando ele fazia um arremesso manual, o mesmo cretino que o esculhambava lhe atirou algo, e ao fazê-lo, sem querer, também sacudiu junto um anel, que caiu no gramado. Sereno, Djalma recolheu a peça, foi ao alambrado, entregou-a ao racista e disse sorrindo um elegante “tudo bem”.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A bola e o pandeiro...

Foto: Zanone Fraissat /Folha Imagem

Desde o começo do século passado o samba e o futebol de várzea fazem uma tabelinha mágica pelos campos de terra batida. No tradicional bairro do Bixiga (Bela Vista), região central de São Paulo, esse namoro entre bola e pandeiro rendeu frutos: a escola de samba Vai-Vai, vice-campeã do carnaval em 2009.
Para quem não sabe, a Vai-Vai foi fundada em 1930, por um grupo de amigos dissidentes de um time de futebol de várzea do Bixiga, chamado Cai-Cai. Expulsos do time, que também tinha uma roda de samba que animava festas após os jogos, Livinho e Benedito Sardinha deram início ao cordão carnavalesco Vai-Vai, que cantou apenas enredos de exaltação de 1933 a 1965.
Mas foi na década de 70 que a Vai-Vai começou a mostrar sua força no carnaval paulistano para se tornar a escola mais vencedora de todos os tempos, com 13 títulos. Ainda assim, nem as glórias carnavalescas conseguiram desfazer esse laço com o esporte bretão. Tanto que, desde a sua fundação, a agremiação jamais esqueceu o seu time de futebol, até hoje extremamente respeitado na várzea.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Fiel a várzea

O clube inglês que deu origem ao Corinthians continua fiel ao amadorismo. No pequeno estádio em Surbiton, periferia de Londres, uma placa na entrada indica que o local tem um valor sentimental imensurável para os torcedores corintianos. A inscrição “Corinthian-Casuals” demarca o campo do mesmo time cujas arrasadoras vitórias durante a excursão ao Brasil, em 1910, inspiraram a fundação, no mesmo ano, do Sport Club Corinthians Paulista. Passados 99 anos, o Corinthian-Casuals ainda dedica-se de corpo e alma as peladas, que contam pontos pela liga amadora inglesa. A tradição remonta aos idos de 1882, ano do surgimento do time inglês, que desde então, recusa-se a deixar o amadorismo. “Foi assim que as coisas começaram e assim é o modo como devem terminar”, explicou certa vez Colin Atkinson, diretor do clube, no melhor estilo britânico.
Quem quiser saber mais a respeito desse ilustre clube varzeano, pode acessar a página deles na internet: http://www.corinthian-casuals.com/

O Emocionante Encontro

Texto de José Renato Sátiro Santiago Jr.

Já faz 20 anos…dia 5 de junho de 1988.
Em um domingo pela manhã, cerca de 15.000 corintianos estiveram no Pacaembu para acompanhar um confronto histórico. De um lado, o Corinthian-Casuals, equipe inglesa que serviu de inspiração para o nome do time mais popular do Estado.
Do outro lado, o Sport Club Corinthians Paulista. A equipe paulista contou com grande parte dos campeões paulistas de 1977, além de craques históricos, como Sócrates, Rivelino, Cláudio Christovam Pinho, Domingos da Guia, Milani, Teleco, Benê, Gilmar, Goiano, Ado, dentre outros. No banco, o técnico Osvaldo Brandão. Muitos jogaram, outros só assistiram, pouco importa…era o Corinthians!!! O Árbitro foi o inesquecível Dulcídio Wanderley Boschilia que entrou em campo como os juizes de antigamente…de calças e tênis…o que resultou numa “bela queda”. O resultado? Era o que menos interessava, mas foi 1 a 0, gol de Sócrates, aos 19′ do Primeiro Tempo. O jogo foi disputado em dois períodos de 25 minutos cada.
Aliás, a pedido do time inglês, Sócrates jogou 15 minutos pelo time Corinthian.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Em busca da felicidade!

Esse é uma linda história de amor. Essa é a verdadeira paixão pelo futebol. Ao contrário daquela barbárie produzida por uma corja de torcedores “desorganizados” no último fim de semana. Futebol é alegria, a morte não combina com ele. Futebol é vivacidade, mesmo na derrota. Nesse caso, o sangue pulsa, borbulha, mesmo no furor da frustração. Nada paga a esperança da próxima temporada, avidez por reabilitação e glória. Nada apaga a mancha do mal nos estádios do meu Brasil tão amado e odiado.

*Texto e imagem do portal UOL


Jovem africano foge do seu país escondido em navio para tornar-se jogador de futebol no Brasil

Pode acabar nos próximos dias, de forma melancólica, a odisséia do jovem jogador de futebol da Guiné, na África ocidental, Mohamed Câmara, de 17 anos. Ele viajou clandestinamente no navio Grande San Paolo, de bandeira italiana, que aportou sábado (14) em Salvador, Bahia.

O jovem foi encontrado pela tripulação em um local próximo à casa de máquinas e foi entregue à Polícia Federal, na Bahia. Por ser menor de idade, o rapaz foi encaminhado ao Juizado da Infância e Juventude, onde permanecerá até que as autoridades brasileiras decidam o seu destino.

Apaixonado pelo futebol brasileiro, o jovem, sempre muito sorridente, disse ao juiz Salomão Resedá que veio para o Brasil com o objetivo de ingressar em um time de futebol, pois pretende profissionalizar-se. Ele diz que joga na posição de atacante e tem admiração especial pelos craques Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Robinho.
Sem saber se conseguirá realizar o sonho de tornar-se um jogador de futebol no Brasil, Mohamed já sentiu ao menos a emoção de assistir a uma partida de futebol em campo. No domingo ele foi, acompanhado pelo juiz Salomão Resedá, ao recém-inaugurado Estádio de Pituaçu, assistir ao jogo do Bahia contra o Feirense, e pôde testemunhar a vibração de uma das maiores torcidas brasileiras, a Bamor.

Após o jogo, o garoto ganhou uma camisa do time, a mesma que vestiu nesta segunda-feira (16) quando foi conhecer o Centro de Treinamento Osório Villas Boas, mais conhecido como Fazendão, local onde treinam os atletas do Bahia."Meus familiares querem que eu me torne um agricultor, plantador de batatas, mas eu não quero. Meu grande sonho é ser jogador de futebol no Brasil. Quero me firmar aqui como jogador", insiste Mohamed.