quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Craque e a Pipa

Naquelas duas cidadezinhas do interior mineiro, a rivalidade era grande e as disputas entre os dois principais times monopolizava toda a populaçăo. E naquele domingo năo se falava em outra coisa, pois seria a final do campeonato.

De um lado, a defesa menos vazada, com destaque para o goleiro Paredăo. Do outro, um ataque arrasador, com o artilheiro Leo Cerol, conhecido pela velocidade impressionante. O apelido vinha da paixăo que tinha pelas pipas, seu hobby predileto.

Domingo de sol, enquanto a maior parte da garotada se juntava nos campos, era comum vę-lo correndo pelas pastagens atrás das pipas que cortava com o cerol que ele mesmo fabricava. Nada lhe dava mais prazer.

Para o grande jogo, um problemăo: a final do futebol coincidia com um torneio de pipas, tradicional na cidade. Duro era convencer o nosso craque a participar da partida. E numa reuniăo da qual participaram até o prefeito e o vigário, conseguiu-se, enfim, que ele trocasse as pipas pelo jogo, tăo importante para a comunidade.

Chega o grande dia e numa partida truncada, o empate por 0 x 0 se arrasta. Leo Cerol parece disperso, olhar perdido no horizonte. De repente, o zagueiro dá um chutăo e a bola é toda da defesa adversária. Nosso craque inicia entăo um de seus piques alucinantes...

A torcida se levanta, os locutores se preparam para gritar gol. Leo Cerol passa como um raio pela intermediária, atravessa o campo como um foguete, toma a dianteira na corrida contra os zagueiros... Passa pela bola, atravessa a linha de fundo e...

Diante do olhar estarrecido de todos, pula o alambrado a tempo de chegar segundos na frente da garotada que corria atrás de uma imensa pipa colorida

Victor Kingma


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